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Breve linha de tempo do fusca

1932 - Ferdinand Porsche, nascido no dia 3 de setembro de 1875 no Império Austro-Húngaro, esboça o desenho do Fusca.

1934 - Porsche cria o NSU, protótipo do Fusca que rodou até 1955, quando foi adquirido pelo Auto-Museum da Volkswagen, na Alemanha.

1935 - Porsche recebe 200 mil marcos do governo alemão para, no prazo de dez meses, produzir três protótipos.

1936 - Da garagem da casa de Porsche, com 16 meses de atraso, saem três protótipos batizados de Volksauto-série VW-3, que seriam testados por 50 mil Km.

1937 - A associação entre Porsche, Daimler-Benz e Reuter & Co. produz mais de 30 protótipos, batizados de VW-30, e realiza 2,4 milhões de Km de testes. O governo alemão, já sob o comando de Adolf Hitler, cria uma empresa estatal e viabiliza a fabricação do carro. O capital inicial, de 50 milhões de marcos, veio da Kdf (iniciais em alemão de Força da Alegria), um dos departamentos da Frente Trabalhista Alemã, o sindicato oficial. O nome original do veículo, Kdf-Wagen, não pegou Porsche viaja para os Estados unidos para visitar as linhas de montagem de Detroit e se encontrar com Henry Ford.

1938 - Começam a ser construídas em Fallersleben, na baixa Saxônia (região entre o rio Reno e o mar Báltico), a fábrica para a produção do carro e uma cidade para 90 mil habitantes, destinada aos futuros operários e suas famílias. Depois, a cidade recebeu o nome de Wolfsburg. Parte do dinheiro destinado às obras provinha de alemães que, mesmo sem saber a data da entrega, queriam um Kdf-Wagen.

1939 - Com o início da II Guerra Mundial, os Kdf-Wagen não chegam a ser fabricados e a nova fábrica estréia produzindo veículos militares, com destaque para o Kubelwagen (tipo de camburão, que teve 55 mil unidades produzidas) e para os Schwimmwagen (carro anfíbio, com 15 mil unidades).

1944 - Os aliados atacam e destroem a fábrica.

1946 - Começa a reconstrução da fábrica e a produção é limitada.

1947 - Ingleses, Soviéticos e Norte-americanos não se interessam pela fábrica.

1948 - Heinrich Nordhoff assume a presidência da fábrica e eleva a produção para 19.214 unidades/ano.

1949 - A produção cresce para 46.154 unidades e um acordo com a Chrysler permite a utilização da rede de revendas da marca norte-americana em todo o mundo. Foi o primeiro ano do Fusca nos Estados Unidos e apenas duas unidades foram vendidas.

1951 - Morre Ferdinand Porsche.

1954 - O carro Volks começa a conquistar os norte-americanos, que o apelidam de Beetle (besouro).

1969 - Walt Disney lança o filme "Se Meu Fusca Falasse", no qual o carro, chamado de Herbie, nada, anda sobre duas rodas e até pensa.

1972 - A Volkswagen do Brasil atinge a produção de 1 milhão de Fuscas.

1974 - No Brasil, as vendas do carro batem recorde, com 237.323 unidades no ano, número que nunca seria superado.

1978 - A Volkswagen alemã deixa de produzir o Fusca. Apenas Brasil e México continuam a produzi-lo.

1998 - No dia 14 de fevereiro, a fábrica de Puebla, no México, começa a produzir o novo Fusca em grande escala. O carro vira mania nos Estados Unidos. Em maio, a Volks promove um "recall" para trocar a fiação próxima à bateria devido à possibilidade de incêndio.

Carrefour / Londrina / PR


Créditos para Íris Perfetto e Juliana Schauff Zanetti / Londrina - PR
BR101 / Balneário Camboriú - SC

O Fusca no Mundo

Tudo começou em 1932 quando o governo de Adolf Hitler decidiu criar um carro "popular" e colocou esta obrigação nas mãos do engenheiro Ferdinand Porsche (criador dos Porsches). O fusca foi o primeiro carro mundial depois do Ford "Bigode" modelo T.

Para seu criador o Fusca teria que ser um veículo com velocidade máxima de 100 Km/h, ser capaz de enfrentar subidas com 30% de elevação, com consumo médio de 12,5 Km/l de gasolina e que não poderia custar mais de mil marcos, segundo as exigências do governo de Hitler. Depois de dois carros experimentais, um conversível e um sedan, foram construídos os três primeiros fuscas numa garagem-oficina na própria casa de Porsche em Stuttgart, e foram chamados Volksauto (carro do povo). que mantém as mesmas características de hoje: tinham motor traseiro de quatro cilindros opostos dois a dois, refrigeração a ar, tração traseira, suspensão independentes nas quatro rodas com barras de torção, distância entre eixos de 2,5 m, bitolas de 1,2 m e um peso de 650 Kg.

Até 1937 foram feitos testes com o automóvel, observando-se que era muito resistente. Em 1938 começou-se a produção em uma fábrica em Wolfsburg, logo paralisada para atender os interesses da guerra, produzindo veículos militares, como anfíbios, jeeps, baseados na mecânica do Fusca. Em 1945, quando a guerra acabou de depois de produzir 70.000 veículos militares ela estava em ruínas, ninguém se interessava por aquela indústria, a não ser uma empresa britânica, que passou a usar suas instalações para manutenção de veículos e iniciar mais tarde uma pequena produção do Fusca.

Após a guerra, em 1946, reinicia-se a produção do Fusca e neste ano já temos 10.000 exemplares circulando. Em 1948, 25.000 e alguma unidades já nos Estados Unidos, onde a produção estourou criando uma nova era na história do automóvel. Em 1949, já eram 50.000 Fuscas, e este número aumentou ainda mais, tanto que em 1972 tínhamos mais de 15.000.000 de unidades. Estima-se que o número tenha chegado a mais de 30.000.000 de unidades. Em 1959, o Fusca começa a ser fabricado no Brasil (modelo com duas janelinhas pequenas atrás). Já em 1961 a janela era unificada e, mais tarde, aumentada, única modificação que o melhor projetista de carros da época conseguiu fazer (segundo ele, o Fusca era "perfeito desde o nascimento"). Em 1986 teve sua fabricação paralisada para ser reiniciada em 1994 e terminada, por vezes, em 1996. Em 1998, foi retomada a fabricação do Fusca, remodelado e com motor 2.0 16 válvulas, bem diferente do motor 1200 que equipava as primeiras unidades.

No Salão de Detroit, em 1994, aparece uma nova versão de um velho carro. É o Concept 1, um "carro de sonho", um redesenho do clássico Fusca. O Concept 1 saiu dos computadores de projetistas da Califórnia, não por acaso perto de Silicon Valley, o Vale do Silício americano, onde surge tudo de novo na área de informática. No mesmo Salão de Detroit, exatamente quatro anos depois, chega a hora do lançamento do New Beetle feito no México. É o próprio Concept 1, com algumas modificações, que está virando carro de série e já entrou no mercado norte-americano e canadense. Com o New Beetle, a Volkswagen mais uma vez revoluciona o mercado. O raciocínio foi brilhante: o perfil e as linhas básicas do velho Fusquinha permaneceram, mas com um toque de sofisticação e modernidade.

A semelhança entre o velho Fusca e o New Beetle termina no design. É tudo diferente. A começar do motor, que pulou da traseira para a dianteira. Outro diferencial é o conforto oferecido aos ocupantes. O interior do New Beetle não lembra em nada o do velho Fusca. A comodidade dos bancos dianteiros - que contam até com aquecimento - chamam a atenção. O acabamento eu couro dos bancos, o painel e o teto solar elétrico impressionam pela beleza e funcionalidade. Diferenças a parte, é no desempenho que o New Beetle se distancia ainda mais de seu antepassado. Só para se ter uma idéia, o Beetle é montado na mesma plataforma do Golf 2.0 e do Audi A3. Dos poderosos irmãos, o besouro também herdou o motor 2.0, de 116 cv e 1984 cc, capaz de atingir a uma velocidade máxima de 181 km/h. Na arrancada, o novo Fusca se aproveita da tração, agora dianteira, para conseguir a marca de 11,4 segundos de 0 a 100 km/h. A verdade é que o New Beetle tem a mesma simpatia do antigo fusca, mas carrega consigo um algo mais: tecnologia.

Mostardeiro - Porto Alegre

O Fusca no Brasil

O carro mais produzido no Brasil; a segunda produção mais duradoura, perdendo apenas para a Kombi; e o único carro no Brasil (talvez no mundo) a sair de linha e a voltar sete anos depois! Tudo isto é o Fusca, a corruptela brasileira da palavra alemã Volks, como o carro foi apresentado em 1953. Curiosamente, não pergunte ao seu amigo português sobre seu Fusca; em Portugal a palavra é gíria para arma, pistola.

O Volkswagen chegou ao Brasil em 1953. No início o Fusca era importado desmontado da Alemanha e vendido como o Volks Sedan. Volks é uma palavra de difícil pronúncia por um brasileiro e foi rapidamente convertida para "Fusca", embora apenas em 1983 a fábrica a tenha adotado oficialmente. Estes carros são agora objeto de culto, altamente colecionáveis; na época, porém, foram recebidos com suspeitas por compradores acostumados com os carros americanos, bem maiores. Em 1957 a VW começou a produção da Kombi. O Fusca só foi produzido dois anos depois com o Volks Sedan 1200, já com a janela traseira maior e sinaleiras dianteiras e traseiras separadas.

O Fusca rapidamente se tornou o carro mais vendido do Brasil, graças ao baixo preço, economia de preço e manutenção, robustez e tração (ambos muito necessárias nas terríveis estradas da época, quase todas de terra). Seu motor era a versão de 1192 cc, chamado simplesmente de 1200. Seu desempenho era considerado adequado para a época: velocidade máxima de 110 km/h e consumo médio de 13 km/litro. Seu único competidor no mercado de carros pequenos era o Willys Gordini, um pequeno Renault de quatro portas que quebrava com freqüência e foi produzido de 61 a 67 em números muito inferiores ao do Fusca. Uma nova caixa de câmbio, luzes traseiras maiores e um marcador de combustível foram acrescentados em 1961.

Até 1967 a linha VW permaneceu praticamente sem mudanças. A única exceção de nota foi o teto solar opcional em 1965 no Fusca, rapidamente abandonado devido à piadas de mau gosto: os piadistas diziam que o teto solar permitia a seu proprietário sentar no carro com "os chifres confortavelmente para fora". Pelo mesmo motivo a Ford removeu os chifres de todos os emblemas do Maverick; o preconceito era tanto que só na década de 80 os tetos solares se tornaram populares. Estes carros de 62 a 66 são considerados pelos puristas como os melhores Fuscas de todos; mesmo hoje às vezes se vê um destes, a pintura fosca do sol, motor fumando, interior cheio de rasgos, pneus carecas... e nem um ponto de ferrugem no carro!

A importância destes carros não pode ser exagerada. Antes da produção do Volks Sedan 1200, poucos carros estavam disponíveis no Brasil; muitos eram importados muito caros (devido à taxa de câmbio desfavorável). Outros carros já fabricados no Brasil ou eram pouco práticos (como o Jeep Willys, capaz de ir a qualquer lugar, mas desprotegido para o mau tempo), ou pequenos demais (como o BMW-Isetta fabricado pela Romi) ou simplesmente não eram fabricados em número suficiente (como a camionete DKW). Mesmo carros usados eram caros devido à sua raridade. Muitos deles exigia intensa manutenção, dificultada pela raridade das peças de reposição. A produção em massa do Fusca mudou isso tudo. Embora não fosse o primeiro carro produzido no Brasil, era um carro barato, prático e confiável que a classe média podia comprar. Era de fácil manutenção e forte o suficiente para nossas ruas e estradas. O Fusca foi para o Brasil o que o Ford Modelo T foi para a América, o carro que pôs o país sobre rodas; um anúncio em revista na década de 60 mostrava ambos os carros juntos.

Em 67 a Volkswagen decidiu padronizar sua linha com o motor 1300, daí o novo Volks Sedan 1300. Devido a melhora de desempenho (0 a 100 km/h em 38,35 sec., máxima de 120 km/h) o pessoal de marketing os apelidou de "Os Tigres". A Kombi e o Karmann Ghia receberam um novo motor de 1500 cc, ainda com carburação simples. Em 1968 vieram uma janela traseira maior, o sistema elétrico de 12 volts, uma luz de placa traseira maior e pára-choques mais simples.

O ano de 1969 foi de virada na história automobilística brasileira: a Ford lançou seu primeiro carro médio aqui, uma muito bem-sucedida versão do Renault 12. Era o primeiro competidor sério da VW, posto que os outros carros produzidos aqui eram bem maiores e mais caros. A Volkswagen reagiu com um novo motor e três novos carros. A perua Variant, o sedan TL (de início apenas com duas portas) e um carro de quatro portas quadradão baseado no TL , todos com uma versão de 1584 cc do boxer com dupla carburação. Embora o Volks 1300 não tenha sofrido mudanças, havia um novo e mais forte Fusca: o Volks 1500. Apelidado de "Fuscão", tinha o motor de 1500 cc, maior bitola traseira, freios a disco opcionais na frente, sinaleiras traseiras maiores com luzes de ré, fendas no capô do motor (para reduzir a pressão aerodinâmica) e um interior mais refinado que incluía falsos apliques de madeira. Seu desempenho era bem melhor do que o 1300; 0 a 100 em 22,5 sec. e máxima de 126 km/h. O motivo provável do lançamento do 1500 foi que a VW se deu conta de que muitos Fuscas eram modificados por seus proprietários para ter maior desempenho, e de fato o 1500 foi muito popular. Era um forte concorrente para o Ford Corcel se espaço interno e porta-malas não fossem prioridade, posto que tinha melhor desempenho.

Depois de ter dominado o mercado quase que sem disputa nos anos 60, a VW se viu em situação diferente nos anos 70. Além do Ford Corcel, em 73 a Chevrolet começou a fabricar o Chevette, e em 76 a Fiat entrou forte com seu 147, uma versão reforçada do 126 europeu. Todos tinham a vantagem de ser projetos mais modernos, mais seguros para dirigir do que o notoriamente instável Fusca. Não eram tão fortes, mas estes eram os anos do "milagre econômico", e de repente as estradas ganharam asfalto, permitindo que carros mais fracos sobrevivessem - e rodassem a velocidades as quais o Fusca não podia andar com segurança. A sua popularidade permaneceu alta por ainda ser o carro mais barato feito no Brasil, mas a qualidade caiu, talvez para tentar manter os custos baixos. Os Fuscas da década de 70 (assim como seus contemporâneos locais) enferrujam com facilidade se não são cuidados. Outra razão para altas vendas era o domínio do Fusca no mercado de táxis. A maioria dos táxis do final da década de 60 até a metade dos 80 foram Fuscas com o banco dianteiro direito removido para facilitar o acesso ao banco traseiro.

Em 1973 pequenas mudanças estéticas foram feitas de novo, como faróis mais verticais e mais fendas no capô do motor do Volks 1500. A ventilação interna foi melhorada, com a possibilidade de se ter ar quente. Esta opção não era muito popular devido ao nosso clima predominantemente tropical. Em 74 foi introduzido um Fusca ainda mais esportivo: o 1600S (chamado de Super Fuscão), o qual tinha o motor de 1584 cc com dupla carburação, pneus maiores, um capô do motor diferente, assentos reclináveis e um painel com conta-giros, temperatura do óleo, amperímetro e relógio. Era rápido para um Fusca, 0-100 km/h em 17,22 segundos e máxima de 134 km/h. O motor com dupla carburação tinha uma certa má fama, espalhada por mecânicos incompetentes que não sabiam regulá-los. O sucesso do 1600S foi tal que no ano seguinte ele substituiu o 1500, embora em versão mais simples desprovida de capô e painéis especiais, chamada simplesmente de Volks Sedan 1600. O 1600S ainda permaneceu até 77, a linha Fusca incluindo então o 1300, 1300L (com interior mais luxuoso) e o 1600.

A última mudança de estilo sofrida pelo Volks Sedan foi em 1979, com os pára-lamas traseiros mais arredondados e as luzes traseiras muito maiores que rapidamente deram a esta versão o apelido de "Fafá", em homenagem à cantora Fafá de Belém. O "Fafá" permaneceu como padrão de estilo pelo resto da produção, apenas sofrendo mudanças mecânicas; o modelo 1303 europeu nunca foi produzido aqui.

A Volkswagen do Brasil é famosa por lançar mais de um carro para o mesmo mercado, os quais acabam competindo entre si. O primeiro concorrente interno do Fusca foi a Brasília. Lançada em 1974, era um projeto 100% nacional baseado em um chassis alargado do Fusca, com aparência quadrada, muito espaço interno e porta-malas dianteiro e traseiro com bastante espaço. O motor era o onipresente 1600 com dupla carburação, o qual dava desempenho (0-100 km/h em 21,1 seg.,, 137 km/h máxima) e economia (11,25 km/litro) razoáveis para a época. A Brasília foi um grande sucesso e tirou uma grande fatia do mercado do Fusca. Foi o primeiro carro nacional a vender mais do que o Fusca. Quando saiu de linha um despeitado engenheiro da VW declarou em off a uma revista que "o carro errado foi descontinuado", insinuando que o projeto mais antigo do Fusca é que deveria ter sido abandonado.

O carro que matou a Brasília foi o mesmo que iria finalmente tirar o Fusca de linha... duas vezes! Era o Gol, um carro parecido com o Golf lançado em 1980. Inicialmente chamado maldosamente de "Fusca de ré", ele tinha o motor 1300 em instalação e tração dianteiras. O Gol 1.3 (a VW mudou a nomenclatura dos motores para litros numa tentativa de dissociar os carros mais novos de seus modelos mais antigos) foi um grande fracasso - apesar da aparência moderna e bom espaço interno. Embora o desempenho fosse adequado à concorrência (0-100 km/h em 22 seg., 131 km/h de máxima), ele transmitia a sensação de ser mais lento e era fraco para as condições brasileiras. Alguns proprietários chegaram ao ponto de colocar reforços de madeira no capô do motor, pois ele costumava se deformar devido as torções do monobloco.

O Gol estava a ponto de ser abandonado quando o modelo 1.6, lançado em 1982 o salvou. Com desempenho muito melhor (0-100 km/h em 17 seg., 145 km/h), ele também se beneficiou de reforços estruturais desenvolvidos por equipes de rally patrocinadas pela fábrica. Em 1983 a VW adotou oficialmente o nome Fusca e abandonou a versão 1600, só o 1300 estando disponível. Isto deve ter ocorrido devido à problemas de produção, posto que em 84 um novo motor 1600 começou a ser produzido e o velho e fiel 1300 foi cancelado para sempre. Embora o Gol 1.6 tenha salvo o modelo, foi a versão de motor refrigerado a água lançada em 1985 que o tornou o carro mais vendido do Brasil. Deu origem a uma nova família de carros VW a qual incluiu o Fox exportado para os Estados Unidos. Agora em sua segunda geração, com uma ampla linha de motores indo do econômico 1.0 até o esportivo 2.0 16V, tem sido o carro mais produzido do Brasil por vários anos. Embora mais caro do que o Fusca, era um carro muito melhor, sua manutenção talvez fosse até mais barata enquanto seu consumo era menor graças ao motor mais moderno e a mais eficiente tração dianteira. Além disso, naquela época o preço dos carros havia disparado devido a inflação galopante e quem podia comprar um carro novo era geralmente gente de mais posses, que preferia pagar mais por melhor desempenho, segurança e conforto.

Finalmente o inevitável aconteceu: em 1986 a produção do Fusca parou, após cerca de 3 milhões de carros produzidos. Os modelos 1986 ficaram conhecidos como "Última Série", e seu valor era desproporcionalmente maior do que os outros modelos da década de 80. Foi um tanto emocional; muitas personalidades deram entrevistas sobre o Fusca e o quão importante ele tinha sido em suas vidas, e alguns fãs do Fusca compraram alguns dos últimos carros só para pô-los em armazenagem ou uso restrito. Seja como for, este movimento não foi o suficiente para fazer a VW mudar de idéia.

Pelo menos por sete anos. O ano de 1992 será certamente uma data nos futuros livros de história brasileira. Pela primeira vez um presidente civil eleito, Fernando Collor de Melo foi destituído do cargo devido a acusações de corrupção, tudo isso acontecendo sob legalidade constitucional, não um golpe militar como tem sido norma na América Latina. O vice-presidente Itamar Franco foi empossado presidente pelos dois anos remanescentes do mandado original de Collor. Itamar Franco era bastante conhecido como um homem de hábitos antiquados, quando em um encontro com o presidente da Autolatina (o conglomerado VW-Ford) Pierre-Alain de Smedt ele declarou que o que "o Brasil precisa é de um carro popular como o Fusca" muitos pensaram que era uma piada. Mas não de Smedt, que alguns meses depois anunciou o retorno do Fusca! O raciocínio por trás disto é obscuro até hoje. O mercado de carros populares no Brasil é dominado por carros de motor de 1.0 litro, esta cilindrada recebendo isenções de impostos especiais para fazê-los mais baratos. A VW já tinha um carro muito bem sucedido nesta classe, o Gol 1000 (o que mais seria?), então porque outro? Seja como for, a VW foi em frente. Funcionários aposentados foram recontratados, posto que os mais novos não estavam familiarizados com as técnicas de montagem do antigo projeto. Uma revista citou um jovem funcionário que teria dito que o carro era complicado e difícil de montar. O novo Fusca era basicamente o mesmo 1600 descontinuado em 1986, exceto por pneus radiais, um catalisador para atender às leis contra poluição e interior mais luxuoso. Houve rumores quanto ao uso de injeção de combustível, mas eles vieram com a velha carburação dupla. Apesar da maior cilindrada a lei de isenção de impostos para motores de 1.0 litro foi estendida ao Fusca, e ao presidente Itamar Franco foi oferecido o direito de compra do primeiro carro da nova série (mas ele achou o preço de US$ 8.600 muito alto).

Nos primeiros cinco ou seis meses de produção do novo Fusca houve fila de espera para comprá-lo; muitos correram para as revendas VW para adquiri-los por razões sentimentais. Mas este mercado se satisfez rapidamente, e logo após descontos eram oferecidos para que fossem vendidos, novamente os carros mais baratos do Brasil. Um efeito colateral curioso do retorno do Fusca foi a instantânea depreciação dos anteriores carros da "Última Série", muitos daqueles que estavam sendo mantidos como peças de coleção sendo vendidos ou postos em uso regular.

A segunda série foi produzida até 1996, em um total de 45.261 carros. O Fusca não era competição para os novos carros econômicos de 1.0 litro, incluindo o próprio Gol da VW; sua única vantagem era melhor aceleração graças ao motor maior. Era de produção cara, embora vendido barato. Pior, seria muito difícil fazer o motor refrigerado a ar obedecer as novas leis anti-poluição de 1997. Nos últimos meses de produção, a VW declarou que o principal mercado do Fusca era o de pequenos fazendeiros que precisavam de um carro que pudesse rodar por estradas de barro.